XP e BTG: clientes perdem até 93% em COEs da Ambipar
Sabe aquele produto que a XP e o BTG vendem prometendo “ganhos de ações com segurança de poupança”? Pois é, nem sempre funciona assim.
Milhares de clientes dessas duas corretoras estão vendo seus investimentos virarem pó depois que COEs da Ambipar despencaram essa semana. Gente que confiou na orientação de assessores da XP e do BTG e botou R$ 30 mil viu sobrar menos de R$ 3 mil. Outros investiram quase R$ 300 mil e agora têm só R$ 19 mil na conta.
E o pior: muita gente nem sabia direito no que estava investindo.
Principais Conclusões
O que são esses tais COEs?

Vamos com calma aqui. COE significa Certificado de Operações Estruturadas. É tipo um investimento “Frankenstein” — junta um pedaço de renda fixa com outro de renda variável.
A ideia vendida pelas corretoras era bonita: você teria a chance de ganhar bastante (como se estivesse em ações), mas com uma proteção embaixo (como se fosse um título mais seguro).
Só que a coisa não é tão simples assim. COEs são produtos complicados, com pouca liquidez (você não consegue tirar o dinheiro quando quer) e cheios de letrinhas miúdas que quase ninguém lê.
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A crise da Ambipar que pegou todo mundo de surpresa
A Ambipar é uma empresa de gestão ambiental que estava bombando na Bolsa. Chegou a valorizar mais de 700% há uns meses. Todo mundo achava que era uma aposta certeira.
Mas aí veio o tombo.
No final de setembro, a empresa pediu proteção na Justiça contra seus credores — aquele tipo de medida que empresas pedem quando estão com a corda no pescoço. E mais: começaram a investigar onde estava o dinheiro da empresa, porque no papel tinha bilhões em caixa, mas na prática… ninguém achava.
Resultado? As ações caíram mais de 90% em poucos dias. A empresa perdeu mais de R$ 11 bilhões em valor de mercado. E quem tinha COEs da Ambipar? Levou junto na queda.
XP e BTG: formas diferentes de lidar com o prejuízo
As duas maiores corretoras do país venderam esses COEs para seus clientes durante todo o ano de 2024. Fizeram campanhas pesadas, com assessores ligando, oferecendo rentabilidades tentadoras.
Mas quando a bomba estourou, cada uma reagiu de um jeito:
A XP simplesmente liquidou os COEs. Mandou um comunicado dizendo que os investidores receberiam de volta apenas 6,88% do que aplicaram. Isso mesmo: quem investiu R$ 100 mil recebeu menos de R$ 7 mil de volta. Uma perda de 93%.
O BTG marcou a mercado, ou seja, ajustou o valor dos COEs para refletir quanto eles valeriam se o investidor quisesse vender agora. Como ninguém quer comprar títulos de uma empresa quase falida, o valor ficou próximo de zero.
As duas corretoras foram procuradas para comentar o caso. Nenhuma quis falar nada.

Histórias reais de quem perdeu dinheiro
Um investidor de Santa Catarina, que não quis se identificar, conta que entrou no BTG só para fazer aplicações seguras. Comprou uns fundos DI por conta própria, tranquilos.
Até que recebeu a ligação de um assessor oferecendo um “produto que paga bem mais, mas mantém a segurança”. Aplicou R$ 30 mil em fevereiro. Hoje tem menos de R$ 3 mil. Perdeu mais de 90%.
O mais revoltante? Ele tentou resgatar o dinheiro em janeiro, quando já estava desconfiado. O BTG respondeu por e-mail que não tinha liquidez — ou seja, não dava para tirar o dinheiro. Semana passada, quando abriu o app, viu que estava tudo negativo.
Tem outro caso, de Campinas, de um investidor que viu R$ 289 mil virarem R$ 19 mil. “Toda a economia de uma vida indo para o ralo”, desabafou no Reclame Aqui.
O problema não é só o produto — é como ele foi vendido
Olha, eu vou ser bem direto aqui: especialistas dizem que o problema não é exatamente o COE existir. O problema é como essas corretoras venderam o produto.
Muita gente que investe em renda fixa, perfil conservador, foi convencida a comprar COEs achando que era algo seguro. Os assessores recebem comissões gordas para empurrar esses produtos — e isso cria um conflito de interesse enorme.
“O produto pode ser bom, mas quem está vendendo precisa explicar direitinho todos os riscos”, diz Gustavo Assis, CEO de uma gestora de investimentos. “Infelizmente, nem sempre é o que acontece.”
E tem mais: fontes do mercado contam que XP e BTG fizeram campanhas muito agressivas para vender esses COEs em 2024. A XP até abriu um lote especial para os próprios funcionários e assessores — que agora também estão no prejuízo.
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Por que os COEs da Ambipar eram tão arriscados?
Aqui vai uma explicação mais técnica (mas vou tentar deixar simples): esses COEs específicos eram chamados de “bonds repack”. Basicamente, pegavam títulos de dívida que a Ambipar emitiu lá fora, nos Estados Unidos, e reempacotavam para vender aqui no Brasil.
O problema? Se a empresa não consegue pagar esses títulos de dívida (e é exatamente isso que pode acontecer se entrar em recuperação judicial), o COE vira pó.
E tem outro detalhe importante: COEs não têm proteção do FGC (aquele Fundo Garantidor que protege até R$ 250 mil em investimentos tradicionais). Se der ruim, você perde tudo mesmo.
Isso estava escrito nos documentos? Estava. Mas quantas pessoas leem aquelas 30 páginas de contrato antes de assinar? E mais importante: quantos assessores explicam isso de verdade?

O que aprender com essa confusão toda
Primeiro: se alguém te oferecer um investimento prometendo “retorno alto com segurança total”, desconfie. No mundo financeiro, risco e retorno andam juntos. Sempre.
Segundo: não confie cegamente em assessor de banco ou corretora. Eles ganham comissão para vender produtos. Pesquise por conta própria, leia os documentos (por mais chatos que sejam), e se não entender, não invista.
Terceiro: fuja de produtos muito complexos se você não tem experiência. COEs, derivativos, estruturados… essas coisas são para investidores que sabem exatamente o que estão fazendo.
E por último: diversifique. Nunca coloque todo seu dinheiro em um único investimento, por melhor que pareça.
E agora, o que acontece?
Bom, para quem já investiu, a situação é complicada. O ReclameAqui está cheio de reclamações contra XP e BTG nos últimos dias. Muita gente está falando em processar as corretoras por propaganda enganosa e má orientação.
O problema é que, tecnicamente, todas as informações sobre os riscos estavam nos documentos. As corretoras vão se defender dizendo que a responsabilidade era do investidor ler e entender tudo antes de aplicar.
Mas será que isso é justo quando o produto é tão complexo e a venda foi tão agressiva? Acho que essa discussão vai longe.
Enquanto isso, a Ambipar continua derretendo na Bolsa, valendo centavos por ação. E milhares de brasileiros aprenderam da pior forma possível que nem tudo que reluz é ouro — mesmo quando quem está vendendo é um banco grande e confiável.
Fonte: E Investidor
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